29.4.03

E por falar em argentino, tem esse episódio ótimo que recebi por email:

----
Para que pudéssemos andar de trem livremente na Europa, compramos o Eurailpass. É um bilhete onde você coloca a data e pode andar de trem naquele dia pra onde quiser. Tínhamos comprado o de 15 dias e o aproveitamento tinha que ser ao máximo. Chegando à Alemanha, tínhamos de ir de Hamburgo para Munique. O problema é que só havia um trem, non-stop, que satisfazia nosso horário. O próximo sairia muito tarde. E o tal trem não aceitava o maldito bilhete que nós, brasileiros, tínhamos. Mas como brazuca se acha mais esperto que o mundo todo, surgiu o seguinte raciocínio, compartilhado por quase 30 cabeças: vamos entrar no trem assim mesmo! Como ele é non-stop, não poderão colocar a gente pra fora.

E lá foi a brasileirada trem adentro. Com o trem já em movimento, chega a mulher pra conferir os bilhetes. O primeiro a ser interpelado fui eu. A mulher pegou o bilhete, virou-se pra mim e disse aos berros: "Get out, right now!!!" Eu ainda pensei: Será que eu vou ter que me atirar pela janela? A maldita pegou um intercomunicador, resmungou alguma coisa e, acreditem, o trem non-stop parou na próxima estação. Os alemães foram todos para a janela ver qual seria o motivo. Já ciente da minha expulsão, avisamos os demais brazucas para saírem também, já que o bicho ia pegar. Cenário montado: trem non-stop parado, todos os alemães na janela pra saber o motivo e uns trinta brazileiros sendo expulsos. Então uma alma teve a idéia brilhante: "Aí, galera! Não vamos levar este mico pra casa, não!!!" E desembarcamos gritando em coro:

"AR-GEN-TI-NA! AR-GEN-TI-NA! AR-GEN-TI-NA!"

Outro dia se comentava numa lista de discussão sobre como é se sentir analfa estando num país estranho, onde se fala qualquer coisa, menos seu idioma. Já me senti assim em Buenos Aires. É comum os brasileiros acharem que o espanhol/castelhano é fácil, por "ser parecido". Rá.

Na imigração foi mole, brasileiro nem precisa de passaporte pra entrar na Argentina - basta o RG. E o cara fez uma única pergunta. Tirei de letra (-Yes.) e segui em frente.

Como havíamos perdido o vôo da noite anterior, teríamos que nos virar pra chegarmos ao hotel por conta própria. -Um táxi - pensei. Pois foi chegar ao balcão de táxi pro desespero bater. Atendentes de empresas concorrentes disputavam os clientes a gritos, soltando centenas de palavras imcompreensíveis por minuto. Como um dos nossos arranhava o espanhol, endendemos apenas o suficiente para saber que estavamos no rumo errado: o preço. Algo em torno de 100 reais, em valores atuais, para a corrida.

Nesse momento eu tomei uma das decisões mais acertadas da minha vida. Fui para o bar do aeroporto e tomei algumas cervejas. Aproveitei a ocasião para aquecer meu portunhol de quinta com o garçom (argentino é mesmo marrento, concluí, logo aos 5 minutos de conversa).

Meia hora mais tarde reconhecemos o logotipo da nossa agência de turismo, colado numa daquelas plaquinhas que o pessoal segura no desembarque. Expliquei que tinhamos perdido o vôo na noite anterior etc e se não poderiam nos tirar dali. A moça pegou o rádio, confirmou nossos nomes e disse que ok.

Passei o final de semana perdido no idioma, tendo que apelar pro inglês em 70% do tempo. Quer dizer, eu começava tentando o espanhol, passava para o portunhol e acabava no inglês. As situações mais engraçadas eram nos restaurantes, quando eu pedia para que identificassem o que era aquilo no meu prato. Metade eu consegui identificar. Antes não tivesse.

E argentino ainda é filho da puta, pois fingem que não entendem absolutamente nada de português, mesmo os funcionários do hotel. Até eu descobrir que banheiro era "casa de baño", já tinha quase me mijado. É claro que se você ler "casa de baño" em alguma porta, fica fácil associar. Mas ter que adivinhar... E dá-lhe mico: "-Banheiro, ba-nhe-i-ro, bathroom, xixi, sshhhii, urina." Fora a mímica patética. E o balconista lá, sorrizinho irônico no canto da boca, fingindo que não estava entendendo picas. FILHO DA PUTA!

Dois dias depois, um quilo e meio a mais e muito álcool no sangue, embarquei de volta para São Paulo.

Grande cidade é Buenos Aires. Espero voltar lá.

Música linda do dia: Moby - Signs of love

Mulher é um bicho esquisito e complicado mesmo quando trata de coisas básicas, como a cor. Cor: azul, vermelho, amarelo... Cor, sabe? Então, a mulherada do mundinho fashion adora criar cores novas, que elas vendem como "novas tendências". Coisa que os homens entendem simplesmente como variações do verde - verde claro, verde escuro -, nas passarelas e ateliês atendem por abacate, limão etc.

Parece haver uma predileção por alimentos, repare. O exemplo mais famoso de alimento que virou cor é o salmão, sem dúvida. Para quem ainda não sabe (em que planeta você vive?), salmão é aquela cor que, na escola, pessoas com mais de 25 aprenderam como sendo laranja claro.

E dá-lhe salmão, abacate, berinjela, uva... Uma verdadeira variedade gastronômica! Mas hoje eu li uma nova cor que... bem, vejam vocês mesmos:

Cebola.

Bom, faz sentido. Cebola. Sabe que me deu mesmo vontade de chorar?