22.2.05

Sexto sentido

A cara que ela fazia não deixava dúvidas, estava realmente brava. Eu comia um macdonald's com a molecada, depois do cinema, e fiquei observando a cena na mesa ao lado. Uma mulher bonita, olhos verdes, levemente acima do peso, vestido preto, decote insinuante, sapato de salto agulha, cabelos negros. E brava.

Tava mandando um esporro na pessoa que sentava a seu lado. Gesticulava e fazia uma cara de raiva que, te juro, me faria ter medo, se fosse comigo. Os dedos formando um círculo, como o OK americano (conhecido no Brasil como "no seu cu"), enquanto a mão balançava para baixo e para cima não deixava dúvida que o assunto era sério. Não sei do que se tratava, mas posso garantir que ela estava sendo categórica.

Ao final da refeição (ela devorava um sanduíche de cheddar, como eu) se levantou e, com o olhar fulminante, deixou bem claro que era para a pessoa não seguí-la.

No entanto duas coisas me chamavam a atenção naquela cena: ela falava sem emitir qualquer som e a pessoa que estava tomando o esporro era invisível.

Adoro observar as pessoas.