Perdido no horário
Outro dia vivi o dia mais longo da minha vida.
Quem é do nordeste vai rir de mim, mas não estou acostumado a esse fenômeno esquisitíssimo. No verão, o sol nasce às quatro e meia da madrugada e some às cinco e meia da tarde. Ou seja, o dia começa cedo demais, e quando a noite cai e você acha que vai dormir, olha no relógio e percebe que ainda são nove da noite.
Sinistro.
Pra piorar, lá não rola o horário de verão. Aqui a gente tá acostumado a ainda ter luz do sol às oito da noite, então imagina a confusão que é você ligar a tevê depois de umas duas horas no escuro e dar de cara com o Willian Bonner.
Assustador.
Mas eu dizia sobre o dia longo. Então, primeiro dia em Natal, o sol raiou e eu levantei da cama. Tomei banho, dei uma esticada na rede e desci. Encontrei tudo vazio e o restaurante do hotel fechado. Ué, que porra é essa?, pensei.
Foi quando um faxineiro passou por mim e eu perguntei onde se tomava o café da manhã. Ele disse que era lá mesmo, mas que só a partir das seis horas. Perguntei, meio atordoado, que horas eram e ele me respondeu sorrindo: cinco e meia.
Quase que tiveram que dar um boot em mim pra eu conseguir sair do lugar.
Depois disso, fiz centenas de coisas, fui à praia, almocei, cocei o saco, andei, andei, andei na areia, bebi, me entediei e quando olhei no relógio ainda eram uma e meia da tarde.
O tempo não passa naquele canto do Brasil.
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